Resenha: "Hebe - A Biografia", de Artur Xexéo


Hebe é imortal



Dama da TV brasileira, rainha, estrela do samba, gracinha, linda de viver. Hebe Camargo não se explica. Uma mulher que, nascida no longínquo ano de 1929, esbanjava frescor em suas ideias. Apesar de quase sempre conservadora, Hebe falava abertamente sobre homossexualidade, aborto e diversas outras pautas que hoje habitam o cotidiano dos jovens engajados em mudar o mundo. Porém, Hebe fazia isso numa época bastante engessada, onde o conservadorismo dela podia ser encarado como puro progressismo. A mesma Hebe de 1929 caberia no mundo de hoje sem precisar de updates. Sempre foi uma mulher à frente de seu tempo.

Nesta magnífica biografia escrita pelo jornalista Artur Xexéo, conhecemos a vida e a obra de Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnami. A morena cantora e namoradeira, que durante muitos anos se sentia incauta demais para ter relevância pública. Integrante de uma família de músicos, buscava se consolidar como cantora, primeiro no quarteto Dó-Ré-Mi-Fá, depois com a dupla caipira Rosalinda e Florisbela. Hebe era dona de uma voz grave e forte, possuía cacoetes típicos dos cantores de sua geração e era uma excelente intérprete, musicalmente falando. Porém, a sua carreira artística sofreria um baque gigante quando ouviu o áudio do diretor Wilton Franco vazando durante sua apresentação musical: "que coisa horrível, alguém ensine essa senhora a cantar".

Traumatizada, ficaria décadas longe da carreira musical. E isso fortaleceu sua presença como apresentadora, já que foi nisso que passou a empregar seu esforço artístico desde então. Em alguns momentos, tentou se afastar da carreira, para dedicar-se à família, mas alguma força sempre a levava de volta para o seu público. À esta altura já tornara-se loira, forte, poderosa e polêmica. Hebe nunca facilitou para ninguém. Apesar de todo o seu prestígio, recebendo os maiores artistas e personalidades do mundo em seu programa, a artista jamais se curvou à quem quer que fosse.

O livro de Xexéo me deixou tão cativado que esperei três dias para ler o último capítulo - tudo com a intenção de retardar o fim das 274 páginas carinhosamente redigidas. É impossível não se emocionar com cada trecho da vida desta grande figura que se foi tão jovem, aos 83 anos, vítima de uma parada cardíaca. Apesar da idade avançada, Hebe exalava jovialidade. Lutou por quase 3 anos contra o câncer e venceu todas as batalhas que enfrentou. A mulher simples, que um dia se envergonhou de ser a convidada do Roda Viva, tornou-se uma das referências do país. Em sua fase mais marcante, como apresentadora do SBT, tecia opiniões e fazia seus editoriais nos quais falava sobre tudo o que quisesse. E assim, não amolecia para ninguém: fosse amigo,  político influente ou familiar. Hebe é sinônimo de garra, coragem e vitória. Resta-nos aguardar por um filme que apresente, em todo o esplendor, esta história que merece ser contada e conhecida por todos. Hebe é imortal.


Nota: 5/5

ResenhaAlex Coimbra

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