Resenha: "Os Cinco do Ciclo", de Elias Flamel
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Quando o autor Elias Flamel convidou-me a embarcar em sua obra "Os Cinco do Ciclo", confesso que a primeira coisa que pensei foi: do que há de se tratar esse livro? No entanto, o nome, que é pouco convidativo, acaba se mostrando completamente justificado ao acompanharmos as desventuras do velho Yosef, personagem central de um conto rico em detalhes, que nos mostra um mundo não tão distante do nosso, onde um pequeno povoado, conhecido como Keltoi, tem sua própria cultura, seus mecanismos independentes de sobrevivência e, ali, apesar da evidente simplicidade, a vida parece feliz.
No começo da narrativa, fiquei um pouco confuso com alguns fatos. Nos primeiros capítulos o autor nos apresenta as personagens principais e acabei interpretando, talvez por falha minha, que um dos filhos de Yosef acabaria se tornando o grande antagonista da história (o que, aparentemente, não acontece). Com grande apelo aos detalhes, Keltoi ganha vida nas linhas escritas por Flamel e é impressionante como conseguimos visualizar cada particularidade vívida, ainda que através das páginas desse curioso título.
Ao retratar as intempéries que as diferenças culturais causam em diferentes povoados, o autor atinge o ápice em sua obra. Yosef, assustado com as mudanças no império de Numitor, resolve se deslocar até o senado, com a finalidade de lutar pela manutenção da vida do seu povo, sem que precisem abandonar velhas crenças, à revelia dos poderosos. Da metade para o final, Flamel exibe um ritmo muito interessante ao contar sua estória, fazendo com que o leitor realmente queira ler mais um capítulo. E depois outro. E outro.
Creio que se "Os Cinco do Ciclo" tivesse algo em torno de 350 páginas, ao invés das 556 que possui, seria uma fábula incrível, com potencial de elevar o autor ao posto de grande revelação do universo literário brasileiro. Talvez haja um pouco de prolixidade em alguns capítulos, fazendo com que o leitor se desmotive e até se perca em alguns momentos. Apesar disso, é inegável o prazer que o livro causa, munido de uma estória bem contada, criativa, que nos convida a valiosas reflexões sobre quem somos, as coisas em que acreditamos, o lugar em que estamos e as pessoas com quem convivemos.
Nota: 3/5
Resenha: Alex Coimbra
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