Resenha: "Rápido e Devagar: duas formas de pensar", de Daniel Kahneman

Bonitinho, mas ordinário



Best Seller publicado em 2011, pelo Prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman, "Rápido e Devagar: duas formas de pensar" é uma obra que se aprofunda nas questões cognitivas que nos levam a tomar decisões diante de situações singulares. Por vezes, fazemos julgamentos completos acerca de algum tema em questão de milésimos de segundos, porém, há momentos em que outra área do nosso cérebro é ativada e precisamos sair do estado de repouso para buscar o entendimento de alguma situação, sem preguiça. Essa é a ideia principal do livro. E devemos nos lembrar disso (já que, aparentemente, o autor não fez questão de se limitar a um único foco).

É difícil criticar um livro que é venerado em todos os lugares. Tido como um dos principais títulos para futuros empreendedores, "Rápido e Devagar" é aquela refeição sofisticada, mas com gosto indigesto. Aquele adereço que as pessoas adoram expor, mas que no final das contas, não é tão bonito assim. O autor é prolixo durante todo o livro. A mesma ideia é debatida diversas vezes, com exemplos exaustivos que insistem em convidar o leitor a abandonar a viagem pelo conhecimento. Não foi o meu caso. Fui até o final, mas precisei de muita tenacidade, pois é um livro extremamente maçante.

Considero esta obra leitura obrigatória para psicólogos e publicitários. Particularmente, o tema do livro apetece-me muito. Entender as motivações humanas, saber que certas expressões são âncoras para atitudes previsíveis, persuadir e até mesmo manipular pessoas, com o poder da oratória, é tema polêmico e bem vindo. Afinal, ainda que não pretenda-se colocar as práticas na ponta do lápis, é importante conhecer com afinco todas essas relações, afim de defender-se quando diante de um infortúnio. Portanto, pressupõe-se que, apesar das 580 páginas parecerem mais de 3 mil, as revelações e reflexões esclarecedoras, acabam valendo a pena ao final.

Kahneman nos dá uma aula sobre como escrever um livro repetitivo, cansativo e, ainda assim, muito proveitoso. Entender os vieses cognitivos que movimentam nossos impulsos, principalmente nas nossas próprias tomadas de decisão, é um processo que nos permite precaver-nos diante de futuras falhas e coloca-nos num novo patamar de compreensão dos limites da nossa mente. A intuição pode ser muito mais poderosa do que anos de estudo aprofundado. Parece que estou falando de um livro de autoajuda? Pois, absolutamente, não. É, de fato, sobre um livro de ciências, daqueles mais chatos e necessários.


Nota: 4/5

Resenha: Alex Coimbra

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