Resenha: Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80 Pelo Rock, de Lobão

Não recomendado para pelegos culturais


Enquanto resenho esta obra, escuto a introdução do álbum mais espetacular já composto pelo Lobão, "O Rigor e a Misericórdia"; um disco que poderia, facilmente, figurar entre os maiores clássicos do rock progressivo do mundo. E tudo isso porquê, com sua prosa envolvente e tórrida, Lobão convidou-me a revisitar obras inteiras de artistas do rock brasileiro que nasceram, cresceram e morreram para o mainstream.

O Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80 pelo Rock não se restringe a enjaular a ideia de que a tropicália bananífera brasileira é o verdadeiro rosto da música nacional. Apesar de qualquer incauto considerar Gil, Caetano e Chico como reis supremos da cultura desse país, há de se haver alguma resistência contra essa protuberante delinquência artística, já que a criativa safra do 'BRock' 80 foi capaz de produzir artistas do calibre de Cazuza, Renato Russo, Humberto Gessinger, Roger Moreira, Clemente, Marcelo Nova, Lulu Santos, Paulo Ricardo, Evandro Mesquita, Kiko Zambianchi, Ritchie e tantos outros, apesar da massa encefálica produzida pela imprensa 'especializada' adorar chamar esse período de trash, desvalorizando o único cenário musical diferente, original e que tinha algo a dizer.

Lobão escreve com a mesma competência que toca bateria ou usa seu inconfundível grito rasgado nas canções. Sem nenhum cansaço, atravessei as 496 páginas em três dias, devorando cada capítulo, que representara, respectivamente, cada ano da década mais rock'n roll da memória brasileira. Construindo um cenário cultural e político, o autor nos ajuda a remontar todo o período e todas as influências que motivaram os rockeiros, metaleiros e punks tupiniquins a realizarem seus trabalhos.

O objetivo de Lobão, talvez, não seja convencer o leitor a aproveitar as facilidades da tecnologia e devorar os discos que fizeram a cabeça da juventude nacional, num período caótico para a política. Talvez o autor só quisesse tirar alguma onda com todo o cenário musical que galgava a construção de alguma rebeldia diante do senhorio dos tambores tropicais, afinal, era esse o padrão para construir-se alguma popularidade com sofisticação de formiga. De toda forma, inspirado pelas lembranças de tantos talentos e sucessos, estou aqui, caçando álbuns e mais álbuns para ilustrar as impressões do grande Lobo, figura ímpar no cenário deteriorado da música brasileira. É proibido ser pelego. E Lobão, definitivamente, não o é.


Nota: 5/5

ResenhaAlex Coimbra

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